sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Comerciais do Dia das Crianças

   Eu sei que todos adoram ganhar presentes, ainda mais quando são crianças. Mas tenho analisado muito essa história de presentear as crianças com olhos mais críticos do que tinha até certo tempo atrás. Nunca fui de comprar muitos brinquedos para meus filhos, primeiro porque a situação não permitia e depois porque eles ganham “montanhas” de presentes dos familiares, pois são os primeiros netos da família de meu marido, primeiros e únicos da minha família (visto que sou filha única), primeiros bisnetos (eles têm a graça de ter dois bisavôs e uma bisavó vivos) e assim vai.
    Mas não tenho achado isso saudável para eles, uma vez que minha sala tem mais brinquedos que muita creche por ai. E eles brincam com tudo? Claro que não... são tantas as coisas que eles nem sabem por onde começar a brincar, ou se lembram de tudo o que têm.  Outro dia meu filho vendo um comercial de caminhãozinho me falou que queria um igual, mas ele tem um igual, é de outra marca, mas o caminhãozinho é idêntico. Isso quer dizer que ele nem sabia o que queria, apenas se deixou levar pelo impulso de uma propaganda direcionada para ele. É nessa hora que se faz necessária a capacidade de “ler mentes” das mães, pois precisamos identificar o que realmente é desejo genuíno de nossas crianças e o que é apelo comercial. Principalmente antes de datas como o Dia das Crianças, onde o apelo da mídia é excessivo e manipulador, criando crianças que não conhecem limites, e possíveis adultos compulsivos. Não falo isso apenas como mãe, ou curiosa, sou formada em Publicidade e Propaganda, e apesar de nunca ter exercido a profissão, não sou leiga no assunto.
   Você se lembra da época que éramos crianças? Qualquer um que tenha sido criança antes da década de 90, onde os produtos importados da China não eram uma praga, e tínhamos de lidar com remarcações diárias de preços devido à inflação, deve lembrar que as coisas não eram tão fáceis como são hoje. Presentes “maiores” eram reservados para o Natal, quando muito o aniversário também (não era meu caso, pois faço aniversário dia 04.01 e geralmente as pessoas caprichavam no de Natal).  Acho que isso era muito mais saudável, pois entendíamos o valor de esperar uma data, a ansiedade gostosa de saber se receberíamos o que pedimos ou se seria outra coisa o presente, mais uma diferença para os dias de hoje, porque se vocês tenta dar pra criança algo diferente do que ele ou ela pediu, é a mesma coisa que não dar nada. Muitas vezes, mesmo ganhando o que querem não ficam satisfeitas.
   Se na infância devemos mostrar aos nossos filhos os valores de vida que os nortearão em seu futuro, será que não deveríamos ensiná-los um pouco mais sobre a importância de se desejar realmente algo, respeitar o tempo de espera, aproveitar o gostinho de satisfação ao receber seu tão esperado presente, ou ainda se conformar em receber algo diferente do que foi pedido e mesmo assim gostar e brincar com o presente recebido? Ou vamos continuar contribuindo para a criação de seres incapazes de se sentirem completos?
   Digo que estou refletindo seriamente sobre o assunto e pensando em como disciplinar meus filhos em relação aos seus presentes. Algo que sempre fiz e pretendo continuar a fazer, é “criar” espaço para os novos presentes, doando brinquedos e roupas mais antigos um pouco antes destas datas especiais. Agora que o Vitor tem três anos eu explico para ele que estamos separando os brinquedos para as crianças que não têm brinquedos e vejo em seu rostinho que ele não entende ainda direito como uma criança pode não ter brinquedos. Ele se vê relutante em separar as coisas que são suas para dar aos outros, afinal todos nascemos egoístas por natureza, mas eu gosto de acreditar que incentivando ele desde já. ele aprenda a se importar com os outros. Saber que meu filho não passa necessidade para já conhecer uma realidade dura da vida me deixa feliz, mas também me faz pensar em como não deixá-lo crescer uma pessoa alienada.
   Nossa o post ficou enorme... mas como eu disse, tenho refletido muito sobre o assunto... E você como lida com isso???

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